Tiago Sousa
“A Thousand Strings”
Discrepant
€20.00
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Ao longo dos últimos anos, Tiago Sousa tem sido espicaçado por Gonçalo Cardoso (Discrepant) para explorar o órgão pela via celestial Terry Riley e o minimalismo de Steve Reich com um cunho próprio que conseguiu programar nos seus dedos, cabeça e tudo mais. A série “Organic Music Tapes” tem sido muito isso, como também o disco que a Holuzam editou em finais de 2022 (“Ripples On The Surface”), aí ainda música de entreposto, onde o pianista tentava fazer a passagem da lógica de teste para uma ideia de álbum. O álbum total surge aqui, “A Thousand Strings”, uma experiência em constante explosão em que nos separamos do tempo em que vivemos e abraçamos esta realização, entre a obsessão (o minimalismo, a repetição), mas também uma ideia celestial-infantil, como se os princípios desta música que procura fossem as bases – por mais complexas que sejam – para as continuar a desconstruir. A grande diferença é que aqui já não se sente procura, teste, percepção, só realização. É o álbum de Tiago Sousa que esperávamos nesta lógica, contínuo, expressivo, com um movimento frontal e sem medo de operar para o desconhecido. As variações no lado B, “The Things Passed”, são geniais e coexistem com a ideia de que se pode considerar isto muito simples ou barroco. Cada um decide para onde o pêndulo vai, cada um aceita a viagem que esta música dá. Acabaram-se os testes, começou – mesmo que comece e acabe aqui – um futuro radiante. Que exista, e continue a existir música com este método, num país com falta dele.