A semana sangrenta
versão portuguesa de La semaine sanglante, de Jean-Baptiste Clément e Pierre Dupont (1871). Canção sobre o fim da Comuna de Paris e a violenta repressão que acabou com os seus sonhos. Sim, mas…
P’ra além do bufo e do militar
Já só se vêem nos caminhos
Velhos e tristes a chorar
Pobres viúvas e meninos
Até Paris cheira a miséria
Mesmo os sortudos assustados
A moda também vai à guerra
Há passeios ensanguentados
Sim, mas… a terra treme
Os dias maus vão acabar
O contra-ataque não se teme
Se toda a gente se juntar
Perseguem, prendem e fusilam
Qualquer pessoa ao acaso
A mãe ao lado da sua filha
Nos braços do velho o rapaz.
Em vez da bandeira vermelha
O que se agita é o terror
Do escroque que se ajoelha
Aos pés do rei, do imperador
Sim, mas… a terra treme
Os dias maus vão acabar
O contra-ataque não se teme
Se toda a gente se juntar
Já os agentes da polícia
Estão nos passeios outra vez
Acham (o) serviço uma delícia
Com as pistolas que tu vês
Sem pão, sem armas, sem trabalho
A gente vai ser governada
Por um vigário ou um paspalho
Por bufos e por cães de guarda
Sim, mas… a terra treme
Os dias maus vão acabar
O contra-ataque não se teme
Se toda a gente se juntar
O povo atrelado à miséria
Será que vai ser sempre assim?
Até quando os senhores da guerra
Vão ficar com todo o pilim?
Vai até quando a santa elite
Tratar-nos assim como gado?
Pra quando o fim deste regime
da injustiça e do trabalho?
Sim, mas… a terra treme
Os dias maus vão acabar
O contra-ataque não se teme
Se toda a gente se juntar